terça-feira, 6 de agosto de 2013

ENTREVISTA COM O PROFESSOR EMIDIO SANTANA

Caros amantes do xadrez, venho através dessa premia-los com uma entrevista que acabo de realizar com a figura mais marcante da historia do xadrez Petrolinense, estou falando do Professor Emidio Santana que me concedeu a honra de realizar essa entrevista a qual eu agradeço muito. podemos agora tirar uma casquinha de tantos anos de experiência com o xadrez Petrolinense e entrar um pouco na cabeça de um gênio...




ENTREVISTA

1- Quando e como o senhor aprendeu a jogar xadrez?

Meus primeiros passos no xadrez aconteceram a partir dos 14 anos de idade. Muito tarde para os padrões faixa etários de hoje. Minha Tia Diva que trabalhava na antiga livraria e jornal “O Farol” me deu um livro com partidas de Mestres, depois conheci o Sr. José Bandeira, o Pai de Fred, o qual me ensinou muita estratégia.

2- Quais as principais conquistas como professor e como atleta no xadrez?

Como professor, a aprovação do meu projeto de Xadrez na Rede Municipal de Ensino em 2001 (LEI 1093/01), através da vereadora Teresinha Teixeira. Em 2007 fui pela primeira vez a um Brasileiro Escolar em Poços de Caldas–MG, acompanhando minha aluna Samanda Passos do Colégio Maria Auxiliadora.
Como atleta, ganhei alguns títulos na faixa de rating até 1900 na Copa Sigma e Pituba Open realizados em Salvador em 2002 e 2003 respectivamente. Depois de se sagrar campeão Petrolinense no passado, em 2004 voltei a conquistar esse importante título para minha humilde carreira enxadrística o qual tenho muito orgulho. Numa grande jornada em 2012, fui o melhor Sênior no Aberto do Brasil realizado em Juazeiro do Norte –CE.

3- O que o senhor acha do xadrez petrolinense atualmente e o que espera do futuro?

O Xadrez Petrolinense continua numa ascendente técnica impressionante em termos competitivos. Quanto ao xadrez escolar fico feliz em ver meu sonho se realizar, com muitas escolas abrigando cada vez mais essa grande ferramenta pedagógica chamada “Xadrez” em suas hostis e dando oportunidade para que novos professores surjam nesse universo.

4- Qual o sentimento em ver o seu filho seguindo os caminhos do pai voltando a jogar xadrez e se tornando um professor de xadrez que já anda obtendo sucessos com seus alunos?

Estou muito feliz com esse momento. O sentimento é de felicidade e de gratidão a Deus. Foi muito difícil tirar a ideia de Anderson do futebol que infelizmente não deu certo. Sempre o apoiei, fazendo ele se conscientizar que a carreira futebolística poderia não decolar. Fechou-se uma porta, mas foi aberta uma janela onde ele já vislumbra um futuro profissional na sua vida, com o reforço da Faculdade de Educação Física que o mesmo está frequentando.
O trabalho que Anderson Diego realiza no Projeto CEMAM, estar surtindo um efeito extraordinário, com resultados positivos tanto na área pedagógica como na competitiva. O mesmo está indo para a fase final do Pernambucano Escolar em Recife com a sua aluna Emanuely de Castro. Os seus alunos Andriele Maria, Erick Keven e Ruan Guilherme, conquistaram ouro, prata e bronze respectivamente, no Nordestão Salesiano realizado no mês de Junho na cidade de Natal-RN.

5- Uma característica que eu vejo nos enxadristas são aqueles jogadores mais posicionais e aqueles que são mais táticos. Aqui em Petrolina existem muitos jogadores que são táticos e poucos posicionais. O senhor teria uma opinião do porque
da maioria preferir os caminhos táticos em vez do posicional? E qual tipo o senhor acha melhor e o principal, e o que o senhor acha se encaixa?

Certa ocasião conversando com o meu amigo, o professor MF Gerson Peres, ele me falou que se estivesse estudado partidas de Anatoly Karpov no início da sua carreira o mesmo já teria sido Mestre Fide há mais tempo.
Através do gancho dessas sábias afirmativas tenho na minha concepção que um enxadrista para ser completo com todas as nuances de conhecimentos diante dos vastos temas que o xadrez oferece, tem que aliar o estilo posicional com o estilo tático combinativo.
Existe uma rotulagem com jogadores táticos e jogadores posicionais, porém para a consistência de uma duradoura partida de xadrez dependem de um grande conhecimento de abertura, meio jogo e final. Um enxadrista não sobreviverá por muito tempo se depender tão somente de sua bagagem de planos táticos.
Realmente está na essência dos conhecimentos, a forma de detectar e executar a sua leitura de jogo na concretização dos planos estratégicos de cada partida.
O conjunto da ópera exige um aprofundamento nos temas afins, principalmente na estrutura de peões, casas fracas, colocação das peças com eficácia, exploração de colunas abertas e etc; que ajudam a fazer o embasamento de um plano estratégico. 
Nos meus estudos, desenvolvi a parte posicional aliando aos meus conhecimentos táticos, os quais são visíveis em minha técnica de jogar. Não tem como mudar o perfil de um enxadrista. Não é porque me considero um jogador tático que não jogue posicional.
O estilo de jogo está na essência de jogo de cada um. Essas características são adquiridas e desenvolvidas no aprendizado onde aluno constrói a sua idéia intuitiva e concreta da maneira de jogar, dentro da forma de abordagem temática.

6- Qual o melhor jogador de todos os tempos em sua opinião?

Num universo quadrado onde se dá vida a criaturas inanimadas, surgiram anjos e monstros ao mesmo tempo, para servirem de coadjuvantes do sonho infinito da imaginação universal enxadrística.
Cito: Capablanca – Cerebral (in memoriam), Bobby Fischer – Genial (in memoriam), Karpov – Fenomenal, Kasparov– Sensacional, Mequinho – Espiritual.
Acredito que Garry Kasparov tenha sido o mais completo da história do xadrez, com todo respeito a outros nomes notáveis do nosso esporte.

7- Como foi que o senhor decidiu ser professor de xadrez?

Eu praticamente já tinha uma idéia fixa a respeito, pois havia visto alguns projetos de xadrez que deram certo nas escolas do sul e sudeste do País, principalmente no Paraná e em São Paulo.
Em 1996, fui convidado pelo professor Marcone Barros para dar aulas de xadrez no Colégio Dom Bosco. As aulas eram aos sábados pela manhã.
A decisão final para ser professor de xadrez veio quando me desliguei da Agrovale em 1997. Eu era encarregado do Setor Patrimonial da empresa. Então entrei de cara no xadrez nas escolas, embasado num projeto onde envolvia os alunos do fundamental 1 ao ensino médio na área de Educação Física.
A minha família na época achou que eu estava ficando maluco com essa tomada de decisão, mas o tempo mostrou que eu estava certo. Já se vão 17 anos de sucesso e glória. O que está acontecendo hoje com o xadrez de Petrolina eu já havia sonhado.

8- O senhor é um verdadeiro livro da historia do xadrez petrolinense conhecendo tudo que aconteceu ao longo de anos, o senhor poderia compartilhar algumas dessas historias.

Tenho tantas histórias para contar. São muitos fatos pitorescos, que somente um livro abrigaria todas essas histórias corriqueiras e interessantes que aconteceram em nossa vida enxadrística.
Para não tomar muito espaço estou disponibilizando no meu blog: emidioxadrez.blogspot.com.br, a opção “Causos e Factos” onde relato todos esses fatos ocorridos. Eu gostaria de ouvir histórias de outros professores para divulgar também.
O que acontece de relevante no nosso ambiente é motivo para divulgação. Aconteceu um fato inusitado na oitava edição do Torneio do Ministério Público. Durante a minha caminhada enxadrística nunca ninguém havia comemorado a passagem de um aniversário num torneio. A coincidência quis que Leonardo Andrade, meu aluno no Colégio Maria Auxiliadora, completasse 12 anos de existência justamente no dia 27.07.2013. Foi uma verdadeira festa, a sua mãe juntamente com seus familiares, levaram um bolo com refrigerantes para comemorarmos logo após o término da competição.

9- O senhor, além de ser professor de xadrez também é um grande jogador e conhece a força de todos em Petrolina então o senhor poderia se possível nos indicar em um ranking da sua experiência com o xadrez petrolinense, os 10 melhores atualmente no seu ponto de vista e se possível um ranking dos 10 melhores de todos os tempos em Petrolina para os leitores mais jovens conhecerem as grandes estrelas do passado.

ATENÇÃO!!! Por favor não vamos polemizar. É somente a opinião de um humilde professor de xadrez.
Vamos lá!
Ranking atual: Fábio Pires, Pablo Rodrigo, Gilson Rosa, Ramyres Coelho, Ronyelly Coelho, Mateus Augusto, Agnaldo Melo , Jonatas Ferreira, Anderson Amorim e Emídio Santana.
Um ranking homenagem a velha guarda do xadrez: Ely Jammes, José Guedes, John Wesley, Emídio Santana, Byron, Michel, Carlos Alencar, Jarbas Pereira, Aristóteles Coimbra e Fred Bandeira.

10-Quais os seus objetivos no xadrez nesse ano e no futuro?

De sempre trabalhar pelo engrandecimento do xadrez de Petrolina e região.

11-Qual o seu livro de xadrez favorito?

Estratégias Vitoriosas de Yasser Seirawan

12-Para aqueles que estão tentando melhorar o seu nível no xadrez quais os conselhos que o senhor daria para evoluir nesse esporte?

Devem aprimorar suas aberturas, definindo um repertório que enseje com as suas características e ideias conceituais de jogo. Um bom estudo de táticas lhes dará um grande auxílio. Reproduzam partidas dos Grandes Mestres e participem com assiduidade de competições para levar a cabo os temas estudados.

13-Se possível o senhor poderia nos mandar a partida considerada a melhor que o senhor já jogou, para nossos leitores verem e nos dizer o porque ela é a melhor da sua carreira.

Durante a minha trajetória enxadrística fiz grandes partidas. A que mais me impressionou foi quando enfrentei o forte jogador cearense Alexandre Siqueira, no Aberto do Brasil em Juazeiro do Norte-CE, em 2012. Eis a referida partida abaixo:
Emidio Santana/PE 1 x 0 Alexandre Siqueira/CE [B56]
Juazeiro do Norte, 2012


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Obs. Não foi uma participa perfeita, porém foi a que menos erros cometi em todos esses anos que jogo xadrez. Vou aguardar a opinião dos leitores.

14-Em Petrolina temos 3 objetivos dos jogadores que é o rating, o campeonato petrolinense e o circuito petrolinense. Vejamos se o senhor é bom de "chute"; no final do ano quais serão os vencedores em cada uma dessas categorias na sua opinião e qual seria o seu objetivo nessas 3 categorias?

Melhor rating: Ramyres Coelho, Circuito: Fábio Pires. Campeonato: Gilson Rosa. Essa disputa de rating no desenrolar do circuito é muito divertida trazendo motivação entre os concorrentes. Teremos a oportunidade de conhecer os melhores jogadores em torneio rápido e pensado.

15-Os enxadristas do Brasil inteiro já viram diversas poesias do senhor envolvendo o xadrez. Será que o senhor poderia nos mandar aquela que mais aprecia, para o deleito dos leitores.

Essa eu estava inspirado...
“A vida no xadrez” Quando jogo uma partida, Persigo a vitória a cada instante, Transfiro pro tabuleiro, a minha vida, Preparando o próximo lance. Eu sigo todos os atalhos, A gente tem que planejar, Podemos perder por detalhes, E o resultado, temos que aceitar. Como na vida, há planejamento... Sou fiel ao plano que escolho, Não me frustro se perder, Para o “fair play” me conhecer. Sem medo de errar nos cálculos, Minhas jogadas são futurísticas. Poderei me recuperar do erro, Na próxima batalha enxadrística.

16-Existe vida fora dos tabuleiros? O que o grande professor Emidio gosta de fazer além do xadrez.

Claro que sim! O professor de xadrez é humano e gosta de viajar, assistir uma partida de futebol no estádio ou na TV. (Principalmente da Seleção Brasileira e do Flamengo). Assistir a um Jornal Nacional para se atualizar com as notícias do Brasil e do Mundo. Curtir a família saindo para saborear uma pizza ou bode assado. Voltei a jogar futebol por causa de Oliver Bruno, o meu neto. (mas só em casa rsrs).

17-Para finalizar nos defina quem é o grande Emidio Santana.

A minha personalidade se define com honestidade, simplicidade e responsabilidade com os compromissos assumidos.




Agradeço ao professor Emidio pela bela entrevista e espero que todos tenham apreciado tanto quanto eu...

Abraços a todos

Atenciosamente

Fabio Pires dos Santos

Um comentário:

  1. Um forte abraço ao Prof. Emídio.
    O conheço a pouco tempo e logo aprendi a admirá-lo.
    Quanto a partida diria que foi a "partida dos reis" Uma aula para final, onde o posicionamento dos reis definem o jogo.
    Parabéns ao blog pela entrevista.

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